No Cavalo – Marinho existem vários personagens, consegui ver alguns deles, o Empata Samba e a Polícia que prende ele, ele treme e sai correndo, os galantes vem e fazem Loas com os improvisos. O bastão do Empata Samba, quando bate em todo mundo, realmente para a brincadeira é muito legal! Falamos como tudo isso é próximo da bufonaria e da Commedia Dell’arte, o “palhaço” brasileiro que ri batendo, zuando e tirando onda com o outro, uma atividade quase que colonial do capitão do mato que batia, maltratava e subjugava seus escravos, sendo quase que um deles – vulnerabilidade? alminha mutilada? desconstrução da hierarquia? – aqui nós começamos a zoar, tirar onda da própria dor! transformar ela em algo cômico e engraçado – se batendo, transformando a dor em algo cômico. É quase que uma necessidade de brincar, para poder sobreviver.

Vimos também o Caboclo e o Papa Figo. Vi a Véia e a Morte, pouco porque já estava cansada, mas fui pega para casar com seu Mané, eu acho, hahaha, fechamos com chave de ouro, do nada, Mateus me coloca no meio da brincadeira e a figura me entrelaça no braço e faz loas¹ sobre um possível casório direcionados à banda, me diverti muito, ele me levava casada lá pra trás do terreiro, (risos), acho que eu tava era irradiando muita beleza e alegria para ser escolhida no meio de tanta gente, foi divertido!

Já o Papa Figo, foi incrível ver um homem mascarado com saco pegando os galantes que corriam como um pega-pega. As cores, as máscaras, a música, e o que ficou mais bonito ainda na brincadeira, foi se sentir livre só de olhar. 

¹A loa é um gênero poético, muitas vezes, improvisado, advindo de uma cultura, manifestação folclórica, o maracatu de baque solto. Esse gênero da tradição oral é organizado por quatro elementos: versos, oração, rima e métrica (AMORIM, 2012). É produzido por mestres(as), produtores(as) culturais, poetas/tiradores de loas que, de improviso, constroem as loas a partir de suas vivências, experiências, considerando fatos da atualidade. Os versos têm parentesco com os repentes de viola e com a poesia de cordel, na rima e na métrica, diferenciando-se destes apenas quanto ao ritmo. (FRANÇA&MACIEL, 2021)