Marina Fenicio

A palhaça

Solarina surge de uma motivação interna bem calorosa do meu processo como atriz, brincante e agora palhaça. Uma Marina Fenicio, que buscava trazer mais alegria pro seu dia-a-dia e queria compartilhar isso com outras pessoas, através do riso, da arte, da brincadeira e da palhaçaria. Diante do que eu sentia toda vez que pisava em terras pernambucanas, troquei o frio e o ar seco de São Paulo, pelo clima quente de Pernambuco, desde 2012. 

Mas foi em 2016,  que eu, Paulista de nascença e pernambucana de corpo e alma, comecei a caminhada como atriz profissional e iniciei a gestação do “Conexão Brincante”, um projeto de pesquisa sobre as brincadeiras populares do Brasil, para um aperfeiçoamento técnico e artístico, que teve inicialmente como foco as artes circenses para a construção de uma “palhaça brincante”. 

Nas minhas andanças, a busca foi encontrar o nosso palhaço brasileiro, do povo, das expressividades da diáspora africana, negra, indígena, canavieira, cigana, de rua, ou seja, as expressões populares e ancestrais, que vão além do Mateus e Catirina, personagens conhecidos nos folguedos nordestinos.

E foi através do financiamento do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) de 2020/2021, que primeiro, construí uma pesquisa, baseada na cultura popular do frevo, do maracatu rural e do cavalo-marinho do estado de Pernambuco, junto com a orientação artística da atriz, produtora, brincante, artista circense e palhaça Mayra Waquim, A Maroca, a criação do experimento cênico artístico circense chamado “Enquanto isso, no carnaval…”. 

Nele Solarina quer aprender a brincar, a dançar, a conhecer o que é o carnaval pernambucano, mas seu corpo prega peças, que ela acaba descobrindo através da dança a própria solução. Em uma brincadeira de 25 minutos, fugida de seu marido, Solarina discute com o público de que Mulher SIM, pode e deve BRINCAR O CARNAVAL! 

Há muito tempo nega-se a entrada da mulher ao universo cômico, sendo este projeto mais um marco de resistência para que mais mulheres artistas circenses consigam aprimorar suas técnicas e investigações com suporte teórico, artístico e apoio financeiro, trazendo qualidade ao trabalho artístico. Então nessa busca de querer rir sem ser julgada, rir bem alto pra contaminar quem estivesse perto, fui atrás de Solarina para que pudessem rir junto comigo. Não penso em como fazer os outros rirem, mas queria rir com as pessoas. De mulheres que antigamente só costuravam as roupas em circo e ficavam nos bastidores,  parto para que a mulher esteja presente neste universo cômico do teatro-circo, para que assim possamos partilhar da nossa condição de realidade do ridículo na nossa sociedade patriarcal.

Agora, sigo eu por aqui, adentrando na minha figura, no meu ridículo, na minha comicidade como mulher, democratizando não só os estudos, mas o riso e a alegria por onde eu passar.

1ª Temporada - 2024

Foi através do financiamento do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura – 2020/21),  que Solarina surgiu mergulhada nos folguedos e brincadeiras populares do Estado, mais especificamente no frevo de Olinda, no cavalo marinho de Condado e no maracatu rural da Zona da Mata, para fazer suas brincadeiras por onde ela mesma passou: 

Espaço ONG Amunam – Nazaré da Mata/ PE; Peixe Beta Espaço Cultural – Várzea, Recife/PE; Casa Estação da Luz – Olinda/PE; Casa de Acolhida – Campo Grande, Recife/PE

2ª Temporada - 2025

Já nesta temporada, com o financiamento da Política Nacional Aldir Blanc/PE (2023/24), Solarina viajou para o interior do estado de Pernambuco, junto com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, para brincar, rir e se divertir com os assentados, suas crianças e toda a natureza como seu tablado e cenário artístico. 

Assentamento MST Jaboatãozinho (Moreno/PE); Assentamento MST Canoa Rachada (Água Preta/PE); Assentamento MST Boa Vista (Limoeiro/PE)

Galeria de Fotos

Fotógrafa: Morgana Narjara